Indústria vê café na lista de exceções dos EUA após encontro Lula-Trump

Por: Rogério Cabral

Expectativa se baseia em ordem executiva do governo norte-americano que abre espaço para isentar produtos sem produção doméstica relevante

A indústria de café está otimista com o possível encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, na próxima semana. Para a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), a possibilidade da conversa sinaliza um passo importante para que a Casa Branca inclua o café na lista de exceções das tarifas adicionais de 50%. A medida está em vigor desde o início de agosto.

Segundo o diretor-executivo da Abic, Celírio Inácio da Silva, a leitura inicial é de que a tarifa poderá ser reduzida, já que a produção norte-americana de café é irrelevante.

Durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 24, ele citou que os EUA produzem apenas algo em torno de 0,8% do que consomem, em pequenas áreas no Havaí e em Porto Rico. “Portanto, faz todo sentido econômico retirar a tarifa”, salientou.

A expectativa do setor se ancora em uma ordem executiva publicada pelo governo norte-americano em 6 de setembro, que abre espaço para isentar de tarifas os produtos sem produção doméstica relevante, desde que amparados por negociações bilaterais. Para Celírio, esse dispositivo fortalece a posição brasileira no debate. Ele ressaltou ainda que o tema ganhou relevância nos EUA por conta do impacto da inflação no país.

Alta nos preços nos EUA

Conforme o Agro Estadão noticiou, os consumidores norte-americanos têm enfrentado uma disparada nos preços do café e da carne bovina — dois itens do balanço do agronegócio brasileiro que foram tarifados pelo governo Trump. “O café e o complexo de carnes são extremamente sensíveis para a inflação americana. Não por acaso, essa decisão ocorreu após intensa mobilização de entidades, como a National Coffee Association, que têm mostrado ao governo norte-americano os efeitos do encarecimento do café para o consumidor, que é majoritário, pois 76% dos americanos consomem café diariamente”, disse.

O presidente da Abic, Pavel Cardoso, destacou que, além do apelo cultural e político, os argumentos econômicos foram fundamentais para sensibilizar Washington. Segundo ele, o setor brasileiro apresentou números que deixam clara a interdependência entre os dois países. “O café deveria estar dentro dessa isenção desde o início, e agora temos uma sinalização concreta de que isso pode ser corrigido no âmbito das negociações bilaterais”, destacou.

A Abic avalia que a confirmação da retirada da tarifa dependerá do desdobramento das conversas diplomáticas entre os governos brasileiro e norte-americano. Um encontro entre os presidentes das duas nações deverá dar maior clareza sobre o tema. “Há um sentimento de que estamos no caminho certo. O setor fez sua parte, mobilizando contrapartes nos EUA e demonstrando com dados sólidos o peso do café para o consumidor americano e para sua economia”, disse Celírio.

Fonte: Agro Estadão

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