Bicheira-do-Novo Mundo: caso humano do terrível “verme parafuso” é confirmado nos EUA

Por: Rogério Cabral

As larvas parasitas da mosca comem tecidos vivos de animais de sangue quente, como o gado, causando danos graves, muitas vezes fatais, alerta o portal revista norte-americano Drovers

O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA relatou um caso humano de bicheira-do-Novo Mundo (New World Screwworm/NWS) nos EUA, informou o portal norte-americano da revista Drovers (www.drovers.com), com base em reportagem exclusiva da Reuters divulgada com no último domingo.

O caso, investigado pelo Departamento de Saúde de Maryland (HHS) e pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), envolveu um paciente que retornou de uma viagem a El Salvador, disse o porta-voz do Departamento do HHS, Andrew G. Nixon, em um e-mail à Reuters.

A Reuters informou na noite de domingo que uma pessoa que viajou da Guatemala para os EUA recebeu tratamento confirmado para NWS em Maryland.

A bicheira-do-Novo Mundo foi erradicada dos Estados Unidos nos anos 1960 com o uso de machos estéreis liberados em grande número, impedindo que as fêmeas selvagens se reproduzissem.

As larvas parasitas da mosca comem tecidos vivos de animais de sangue quente, como o gado, causando danos graves, muitas vezes fatais, alerta a Drovers.

O portal voz da HHS (Andrew G. Nixon), porém, afirmou que “o risco para a saúde pública nos Estados Unidos ocasionado por este caso em Maryland “é muito baixo”.

Segundo informações da Reuters, o paciente infectado se recuperou do parasita carnívoro, e não houve sinais de transmissão para outras pessoas ou animais.

Os preços futuros do boi gordo nos EUA caíram devido a preocupações de que a praga também possa atingir os rebanhos.

O texto da Drovers reproduz um comunicado do CEO da Associação Nacional dos Criadores de Gado de Corte, Colin Woodall:

“A NCBA está ciente de um caso de bicheira-do-Novo Mundo detectado em uma pessoa que viajou do exterior para Maryland. O caso foi rapidamente identificado e tratado pelo CDC de acordo com seus protocolos. Com base no que foi compartilhado com as autoridades estaduais de saúde animal, não vemos nenhum risco elevado para a indústria pecuária neste momento. Agradecemos a diligência das autoridades de saúde humana. Este caso foi rapidamente resolvido graças aos protocolos existentes e somos gratos pela coordenação contínua entre o CDC, os departamentos estaduais de saúde, as autoridades estaduais de saúde animal e o USDA”.

Terrível verme “parafuso”

Segundo explicação da Reuters, as screwworms são moscas parasitas cujas fêmeas depositam ovos em feridas de animais de sangue quente. Após a eclosão, centenas de larvas penetram na carne viva, escavando com suas bocas afiadas, o que pode matar o hospedeiro se não for tratado.

O nome “screwworm”, diz a reportagem, vem do fato de que a alimentação das larvas lembra um parafuso sendo girado na madeira.

Essas infestações são devastadoras em bovinos e na vida selvagem, e raramente afetam humanos – mas podem ser fatais (tanto em animais quanto em pessoas) se não forem tratadas, diz o texto.

O tratamento é trabalhoso, exige a remoção das larvas e a desinfecção completa das feridas. No entanto, o tratamento precoce geralmente garante a sobrevivência, relata a agência de notícias.

Plano de voo: batalhão de moscas estéreis

Um caso humano e a falta de transparência podem representar um desafio político para a secretária da Agricultura, Brooke Rollins, diz a Reuters.

“Embora o USDA tenha enviado agentes montados e instalado armadilhas na fronteira, enfrentou críticas por não agir mais rapidamente no aumento da produção de moscas estéreis”, diz reportagem.

Em junho/25, Rollins anunciou a construção de uma instalação de produção de moscas estéreis na Base Aérea de Moore, em Edinburg, Texas – próxima ao local de uma instalação similar ativa durante o último grande surto há 50 anos. O projeto, porém, deve levar de dois a três anos para entrar em operação, informa a Reuters.

O México também adotou medidas para conter a propagação da mosca. O governo mexicano iniciou em julho a construção de uma instalação de US$ 51 milhões para produzir moscas estéreis no sul do país.

Atualmente, diz a Reuters, a única planta em operação está na Cidade do Panamá e pode produzir até 100 milhões de moscas estéreis por semana.

O USDA estima que seriam necessárias a produção de 500 milhões moscas estéreis por semana para conter a praga na região do Darién, entre Panamá e Colômbia.

As moscas têm avançado para o norte desde 2023. Elas são endêmicas em Cuba, Haiti, República Dominicana e países da América do Sul, segundo o USDA.

A Reuters lembra que o México relatou um novo caso recentemente (em julho), na cidade de Ixhuatlán de Madero, Veracruz, a cerca de 595 km ao sul da fronteira dos EUA.

O USDA ordenou imediatamente o fechamento do comércio de gado por portos de entrada no sul, após já ter interrompido as importações em novembro e maio.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *