Projeto incentiva agroflorestas com plantas da Amazônia

Por: Rogério Cabral
Projeto Dêfarm estuda resposta de mudas em fase de estufa à aplicação de consórcios microbianos — Foto: Divulgação

Pesquisa utiliza bioinoculantes em culturas como açaí, cacau e dendê

Uma pesquisa está buscando fortalecer o crescimento de culturas agrícolas da Amazônia, dentro de sistemas agroflorestais, com a aplicação de bioinoculantes (microrganismos com ação benéfica para o desenvolvimento das plantas). Trata-se do projeto Dêfarm, que desenvolveu e testou combinações de bioinsumos em mudas de dendê, cacau e açaí no município de Tomé-Açu (PA).

A pesquisa é desenvolvida pela Unidade Embrapii Instituto Senai de Inovação em Biomassa (ISI Biomassa), em Três Lagoas (MS), em parceria com a Natura e a Solubio. Segundo os envolvidos, a iniciativa é pioneira.

“O objetivo é que esses agentes biológicos melhorem a saúde do solo e das plantas desde a fase de viveiro, ajudando agricultores a adotar práticas mais sustentáveis e regenerativas, especialmente na região amazônica em sistema agroflorestal, que combina dendê com outras espécies como açaí e cacau”, explica a coordenadora da Unidade Embrapii e chefe de pesquisa do ISI Biomassa, Layssa Aline Okamura.

Esses microrganismos foram multiplicados com tecnologia on farm, ou seja, produzidos localmente, em biofábrica instalada no ISI Biomassa. Segundo a coordenadora, o uso de bioinsumos produzidos localmente é uma abordagem mais acessível, sustentável e de baixo carbono. Assim, a iniciativa pretende gerar impacto positivo ao meio ambiente, nas comunidades locais e no desenvolvimento de produtos em sintonia com práticas de consumo mais responsáveis.

A pesquisa teve o investimento de R$ 1,4 milhão, dos quais quase 50% são oriundos de recursos não-reembolsáveis aportados pela Embrapii. O estudo envolveu nove pesquisadores de diferentes áreas de atuação, e gerou dados inéditos sobre a resposta de mudas em fase de estufa à aplicação de consórcios microbianos.

Inovação sustentável

Layssa aponta que, para a indústria, o projeto demonstra a viabilidade de soluções biológicas e sustentáveis que podem ser replicadas e escaladas em diferentes contextos. Já para a sociedade e o meio ambiente, o projeto contribui com a redução do uso de insumos químicos, com o fortalecimento da agricultura regenerativa, com o incentivo à conservação da biodiversidade e do solo, além de promover geração de renda e autonomia para agricultores na região amazônica.

Em 2025, a iniciativa foi vencedora da categoria Projetos de Valor – P&D, da Prêmio Embrace da Natura.

Fonte: Globo Rural

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