Sistema TEMPOCAMPO divulga boletim de setembro

Por: Rogério Cabral

Durante o mês de setembro, as chuvas se concentraram principalmente nas regiões Norte e Sul do país. A região Norte registrou os maiores volumes acumulados, variando de 60 a mais de 180 mm, concentrados especialmente no Amazonas, Acre, Rondônia e em partes do Pará. O Nordeste apresentou volumes abaixo de 30 mm na maior parte do território, com áreas pontuais no litoral e na Bahia com volumes acima de 60 mm. O Centro-Oeste e Sudeste apresentaram volumes entre 30 e 60 mm, exceto São Paulo, onde o acumulado foi maior que 60 mm. No Paraná, os volumes ficaram predominantemente entre 60 e 90 mm, enquanto Santa Catarina e o Rio Grande do Sul registraram volumes significativos, com áreas atingindo 120 a 150 mm, reflexo da influência do ciclone extratropical que atuou fortemente na porção Sul do País.

Participe do canal Portal do Agronegócio

Quanto ao armazenamento de água no solo (% da Capacidade de Água Disponível), a situação de escassez foi generalizada em grande parte do Brasil. O Nordeste registrou valores críticos, predominantemente abaixo de 15%, estendendo-se por quase toda a região. No Centro-Oeste e Sudeste, a maior parte do território também apresentou baixos índices, com o armazenamento majoritariamente abaixo de 30%. A região Norte foi a que apresentou maior variabilidade, com áreas no Amazonas, Rondônia e Acre registrando os valores mais altos, entre 45% e 75%. No Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os valores variaram entre 45% e 75%, mas no Paraná, a maioria do estado ficou na faixa de 30% a 45%.

Em relação às temperaturas máximas, setembro foi marcado por calor intenso em quase todo o país. A região Norte e grande parte do Nordeste e Centro-Oeste registraram máximas elevadas, acima de 29ºC. No Sudeste e em áreas do litoral Nordestino, as máximas variaram principalmente entre 27°C e 29°C. A região Sul se destacou com máximas mais amenas, especialmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, registrando a faixa mais baixa, abaixo de 25°C.

As temperaturas mínimas ficaram mais elevadas no Norte e Nordeste, variando principalmente entre 21°C e 25°C, com a região do MATOPIBA atingindo acima de 25°C. No Centro-Oeste, as mínimas oscilaram principalmente entre 19°C e 23°C. Já no Sudeste e Sul, as temperaturas mínimas foram significativamente mais baixas. No Sudeste, a maior parte das áreas registraram valores entre 15°C e 17°C, e no Sul, abaixo de 15°C.

TEMPO E AGRICULTURA BRASILEIRA

Milho 1ª safra

A semeadura da 1ª safra de milho 2025/26 avançou nos estados do Sul ao longo do mês de setembro, alcançando 26,7% da área total projetada no país. O Rio Grande do Sul apresenta área já semeada de 62%, segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS). De forma geral, as condições climáticas, com boa umidade do solo e luminosidade, foram favoráveis para o desenvolvimento inicial das lavouras, que no momento se encontram majoritariamente na fase de desenvolvimento vegetativo. Na região administrativa de Bagé, no entanto, houve excesso de umidade, o que levou à necessidade de replantio de algumas áreas.

Em Santa Catarina, de acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), há expectativa de aumento de área destinada à primeira safra de milho 2025/26. Grande parte das lavouras já semeadas apresentam boas condições, favorecidas pela boa distribuição das chuvas. Nas regiões do litoral e de Campos Lages, no entanto, as operações estão atrasadas devido às baixas temperaturas e à alta umidade.

No Paraná, a semeadura já alcançou 77% da área prevista. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/PR), as lavouras apresentam boas condições de desenvolvimento em sua maioria, porém, algumas áreas pontuais sofreram com déficit hídrico durante a fase de emergência das plantas, o que resultou em desenvolvimento irregular. Seguindo a tendência dos demais estados da região, é previsto aumento na área cultivada com milho 1º safra.

Milho 2ª safra

Com a colheita praticamente finalizada, a 2ª safra de milho confirma as expectativas positivas ao registrar recordes de produção e produtividade. Segundo a  Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a 2ª safra de milho 2024/25 obteve produtividade média de 6.428 kg/ha e produção de aproximadamente 112 milhões de toneladas, representando aumento de 8% e 9%, respectivamente, com relação aos valores da safra recorde anterior. Destaca-se o Mato Grosso, que sozinho respondeu por 54,492 milhões de toneladas, cerca de 49% da produção brasileira. Isso é reflexo de condições meteorológicas adequadas, associadas ao manejo eficiente e ao uso de tecnologias, fatores que consolidaram o resultado expressivo desta safra.

Feijão 3ª safra 2024/25 e 1ª safra 2025/26

A colheita da 3ª safra de feijão avança nos principais estados produtores, e com isso, vem se consolidando a previsão de queda na produção. Apesar dos diversos registros de infestação por mosca-branca, especialmente em Minas Gerais e Goiás, que prejudicaram a produtividade e qualidade dos grãos, a expectativa de produtividade média nacional é de cerca de 1.722 kg/ha, um aumento de 3% com relação à 3ª safra anterior. A redução na produção, sendo assim, é resultado da diminuição da área total cultivada, um reflexo direto da dinâmica de mercado. Os baixos preços do feijão no mercado interno nos meses anteriores ao plantio desestimularam o produtor a investir na cultura, levando ao cultivo de culturas mais rentáveis ou de menor risco, como a segunda safra de milho em algumas regiões.

Com relação à primeira safra de feijão 2025/26, a semeadura já se iniciou em alguns estados produtores. No Paraná, o início do ciclo tem sido heterogêneo. Embora a maioria das lavouras semeadas apresente um bom desenvolvimento vegetativo, especialmente onde houve umidade adequada, as regiões do Norte do estado enfrentaram estiagens localizadas e altas temperaturas. Essas condições resultaram em restrições significativas à germinação e ao desenvolvimento inicial das lavouras.

No Rio Grande do Sul, as lavouras já semeadas apresentam boas condições fitossanitárias em geral. Contudo, o avanço da semeadura foi pontualmente afetado por baixas temperaturas registradas em certas áreas, o que resultou em atraso nas operações.

Já em São Paulo, que conta com cultivo irrigado e antecipado, a maior parte das lavouras já se encontra nas fases reprodutivas (florescimento e enchimento de grãos). A irrigação tem sido um fator determinante para o bom estabelecimento e desenvolvimento das plantas, especialmente nas últimas semanas do inverno.

Soja

A semeadura da safra de soja 2025/26 tem início no país de forma ainda incipiente, alcançando 0,6% da área projetada, segundo a Conab.

No estado do Mato Grosso, a maioria dos produtores aguarda a regularização das precipitações para dar início ao plantio. Todavia, o recente aumento no volume de chuvas nas regiões Norte e Noroeste do estado permitiu o começo da semeadura tanto em áreas irrigadas quanto em sequeiro, totalizando aproximadamente 5,97% da área semeada, segundo dados do IMEA/MT.

No Paraná, as regiões Oeste e Sudoeste começaram os trabalhos de plantio, ainda que de forma pontual. A concentração da semeadura no estado ocorre tradicionalmente em outubro, período em que a umidade do solo atinge condições consideradas ideais, conforme informações do Deral/PR.

No Mato Grosso do Sul, a semeadura também foi iniciada, principalmente nas áreas irrigadas. Adicionalmente, em algumas localidades de sequeiro, o plantio começou com base na expectativa de chuvas para os próximos dias.

De modo geral, as demais regiões produtoras do país aguardam o término do período de vazio sanitário ou a estabilização do regime de chuvas para efetivamente iniciar os trabalhos de campo.

Trigo

A colheita do trigo no país avança, com 23,2% da área total já colhida. Segundo dados da Conab, a produção estimada apresenta uma redução de 3,5 p.p. influenciada pela diminuição das áreas cultivadas nos estados de Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul. Apesar de o último levantamento ter apontado uma revisão positiva na produtividade média nacional, com 19,3 p.p. superior à da safra anterior, este incremento não foi suficiente para compensar a retração da área plantada.

De acordo com a Emater/RS, no Rio Grande do Sul, a heterogeneidade do cultivo no estado reflete-se nos estádios fenológicos, com 35% das lavouras em floração, 35% em enchimento de grãos, 25% em desenvolvimento vegetativo e 5% em maturação. As precipitações ocorridas no segundo decêndio do mês geraram preocupação aos produtores quanto às condições fitossanitárias e ao risco de acamamento nas áreas em floração e enchimento de grãos. Como medida preventiva, o manejo fitossanitário foi intensificado, especialmente as aplicações de fungicidas. De modo geral, as perspectivas de produção permanecem positivas.

No Paraná, a colheita apresentou um avanço significativo no segundo decêndio do mês, e a maior parte das lavouras encontra-se em fase de maturação. Em Santa Catarina, as condições climáticas ao longo de setembro favoreceram o desenvolvimento vegetativo e o enchimento de grãos. Contudo, a ocorrência de dias ensolarados em conjunto com a alta umidade propiciou o surgimento de manchas foliares, ferrugem e oídio.

Em Goiás, as áreas irrigadas se encaminham para a finalização da colheita, com a produtividade dentro do esperado. Em Minas Gerais, a colheita também se aproxima da fase final, confirmando o bom desempenho observado principalmente nas áreas irrigadas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *